Postado por: Mundo Raimundo sábado, 27 de julho de 2013

 Samy escreve para a coluna Sem Título

    Os filmes que pretendo indicar são simples, ou seja, neles não ocorrem explosões, tiroteios e tampouco há sangue sendo jorrado para todos os lados (com exceção do primeiro da lista, que veio para quebrar a regra). Não que eu desgoste dessas coisas, pelo contrário, a meu ver não há nada melhor do que cinema western. No entanto, prefiro quando a tais situações estão associados bons diálogos. Claro que não estou aqui afirmando que vejo necessidade em colocar Juliette Binoche conversando do começo ao fim do filme com um ator qualquer, como fez Abbas Kiarostami em Cópia Fiel. Nem 08, nem 80. O que quero dizer é: paciência, nem todos os diretores são como Sam Peckinpah! Todavia, é possível se conformar rapidamente, pois muitos contemporâneos estão trabalhando bem. Encontrei por acaso a maioria dos filmes abaixo (apenas dois foram recomendados por amigos) e penso que eles têm uma característica em comum: infelizmente, passariam despercebidos pela maioria se não fossem indicados por alguém.

1.Dear Wendy (2004), Thomas Vinterberg
“Querida Wendy” narra a história de um jovem que compra, por acaso, uma arma de fogo. Assim que ele descobre que a pistola não é de brinquedo, convence outros garotos (os quais também são vítimas de exclusão social) a fundar um clube secreto baseado nos princípios do pacifismo e da posse de armas. Contudo, seus membros se deparam com uma situação limite e acabam optando por quebrar as regras do clube. O roteiro é de Lars von Trier. Thomas Vinterberg é, em minha opinião, ao lado de Michael Haneke, um dos melhores diretores da contemporaneidade. Além disso, o filme ainda conta com uma ótima trilha sonora e tem como música tema “Time of the season”, do The Zombies.
Assistir online:

2. El Perro (2004), Carlos Sorin
“O Cachorro” é um filme interpretado por não atores. Juan Villegas é um homem que trabalhou por 20 anos em um posto de gasolina. Após sua demissão, tenta sobreviver confeccionando facas com cabos artesanais, mas não obtém sucesso. Ele realiza um pequeno trabalho para uma senhora de idade e ela o paga com um cachorro de raça. A partir desse momento, a vida de Juan muda. Os filmes argentinos e uruguaios são, na maioria das vezes, realmente bons. Esse é um deles. O ponto forte é o olhar (literalmente) de Juan Villegas. 
Assistir online: 

3.Shortbus (2006), John Cameron Mitchell
Nova York, pós 11 de setembro de 2001, esse é o panorama no qual se desenvolve a narrativa fílmica de “Shortbus”. As personagens que povoam o enredo, ainda traumatizadas pelo ataque terrorista que marcou a história daquela cidade, encontram-se em uma espécie de clube underground onde podem aliviar as suas neuroses conversando, ouvindo músicas, assistindo a filmes, bebendo, realizando desejos sexuais, etc. O clube, o qual possui o nome homônimo ao título do filme, é gerenciado pela Drag Queen Justin Bond (esta personagem representa a si mesma). Ela diz que no local tudo é permitido, “It's just like the 60's. Only with less hope!”. O ambiente funciona como um subterfúgio do mundo real, onde não é necessário dissimular desejos.
Assistir online:

4.Transylvania (2006), Tony Gatlif
Zingarina é uma italiana que se apaixona por um jovem músico de rua na França. Ele a engravida e a abandona. Zingarina viaja com sua amiga até a Transilvânia à procura do rapaz, que ao encontrá-la, termina o relacionamento. Sem querer voltar para casa, a moça foge de sua amiga e esbarra em Tchangalo, um mercador de ascendência turca, com quem começa a se relacionar. Esse é um belo e exótico road-movie, que mostra um pouco da cultura cigana, das tradições pagãs, etc. 
Assistir online (sem legendas): http://www.youtube.com/watch?v=qKqGv85Khf0

5.O' Horten (2007), Bent Hamer
Do mesmo diretor de Factotum (filme sobre o alter ego de Charles Bukowski) “Caro Sr. Horten” narra a história de um metódico e tímido maquinista que está prestes e a se aposentar. No seu último dia de trabalho, Odd Horten acaba passando por uma situação inesperada, que o leva a repensar sua vida. Focado em questões como a velhice e a solidão, esse é um dos poucos filmes do diretor norueguês Bent Hamer disponíveis no Brasil. “Caro Sr. Horten” e o filme logo abaixo são, em minha opinião, os melhores da lista.

6.Love Comes Lately (2007), Jan Schütte
O roteiro de “O Amor Chega Tarde” é baseado nos contos do escritor polonês Isaac Bashevis Singer. No filme, Max Kohn é um escritor austríaco judeu de 80 anos de idade que vive em Nova York. Autor bem sucedido, acredita que a forma certa de escrever seja, mesmo tendo acesso às novas tecnologias, com sua antiga máquina de escrever. Convidado para dar uma palestra nas proximidades de Hanover, Max começa a editar sua mais recente história, perdendo-se entre realidade e ficção.

7.Patrick 1,5 (2008), Ella Lemhagen
“Patrick, Idade 1,5” é um filme sueco baseado em uma peça teatral de Michael Druker. Goran e Sven são um casal gay que luta para conseguir adotar uma criança. Quando eles finalmente conseguem a liberação, assinam os papéis e ficam à espera da chegada de Patrick. Entretanto, houve um erro de digitação na idade do menino e eles recebem em casa um adolescente homofóbico e com antecedentes criminais. Em meio a diversos conflitos, eles são obrigados a conviver na mesma casa.


 8.Avaze gonjeshk-ha (2008), Majid Majidi
“A canção dos pardais” trata da história de Karim, um homem que trabalha em uma fazenda de avestruzes. Quando um dos animais foge, Karim é demitido. Passando por dificuldades financeiras e sem poder comprar um aparelho auditivo para a filha, ele começa a trabalhar (por acaso) como motorista de mototaxi. “A canção dos pardais” desmonta completamente a ideia de que filmes iranianos são cansativos e/ou entediantes.

9. The Good Heart (2009), Dagur Kári
“O Bom Coração” conta a história de Jacques e de Lucas, quando ambos se conhecem em um quarto de hospital. O primeiro é dono de um bar e teve seu quinto ataque cardíaco. O segundo, por sua vez, é um sem-teto que falhou ao tentar suicídio. Visando manter seu legado vivo, Jacques faz de Lucas seu herdeiro, que rapidamente aprende as regras do bar: sem novos clientes, sem confraternizações e sem mulheres. Entretanto, as coisas mudam com a chegada da jovem April. Esse filme é excelente (o final, sobretudo). Preciso acrescentar: eu acho o trabalho de Paul Dano admirável!

10.Dreiviertelmond (2011), Christian Zübert
“Three Quarter Moon” (ainda sem título em português) é um filme que fala sobre xenofobia. Hartmut Mackowiak é um senhor de idade teimoso e mal-humorado que trabalha como taxista. Sua personalidade arruinou seu casamento de 35 anos, além de prejudicar seu relacionamento com a filha adulta. Certo dia, Hartmut pega no aeroporto duas passageiras turcas, mãe e filha. Elas vão visitar a avó da menina, que ficará um tempo morando na casa dela enquanto a mãe viaja. A avó, sozinha com a criança, acaba tendo um acidente vascular cerebral e Hayat, sem falar uma palavra sequer em alemão, reencontra o taxista, que passa a tomar conta dela, até conseguir entrar em contato com a mãe da menina. 



{ 4 comentários ... read them below or Comment }

  1. Caramba, como tem filme bacana por aí...
    O único problema do seu post é que me deixou muito na pilha de ver 10 filmes!

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  2. Nossa, que massa!!!!!
    Vi todos os trailers, agora vou procurar os filmes. Quero ver todos! Obrigada, Samy!

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  3. Se eu pudesse, passaria a vida vendo filmes

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