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Postado por:
Mundo Raimundo
domingo, 14 de julho de 2013
Samy escreve para a coluna Sem Título
E eu fui tentando sair porta afora. O que mais eu poderia
fazer? Eu era uma criança niilista e nervosa. Não via perspectiva em ter uma
vida brilhante naquela casa. Coloquei dentro de uma fronha o que achava que era
necessário, amarrei a fronha em um pedaço de madeira, apoiei o pedaço de
madeira no ombro esquerdo e atravessei a sala com convicção. Ninguém teria
notado minha disposição em fugir e eu teria obtido sucesso, caso não tivesse
pedido a ajuda de minha mãe para abrir a porta chaveada.
- Aonde você pensa que vai?
- Não te parece óbvio que estou abandonando este lar?
Meu grande plano consistia no seguinte: eu viajaria até Santa
Maria; trabalharia em uma plantação batatas; aprenderia a falar eslovaco de
trás para frente só por diversão; e lutaria contra uma organização que existia
na cidade: a KKKKKK (um grupo pertencente à Ku Klux Klan que costumava
gargalhar à toa).
Todavia, tal tentativa foi frustrada. Minha mãe pegou a
bagagem de viagem e espalhou meus pertences sobre o sofá cama: um perfume
barato, desses comprados por catálogos vendidos por professoras prestes a se
aposentar; um boneco do Comandos em Ação, o qual me protegeria, caso tivesse
uma guerra lá fora; borrachas coloridas para prender o cabelo; e papel para
desenho. Fui ridicularizada.
Desde esse fatídico dia, parei de dizer boa tarde para a
vizinha do segundo andar e passei a ter o hábito de tentar caminhar a um passo
de distância de mim mesma. Assim sendo, devo admitir que não é apenas impressão
que dia sim, dia também sim, acordo achando que estou sendo perseguida.
Nossa, você até podia ter razão pra fugir de casa, mas a sua logística de malas pra fuga era bem falha...
ResponderExcluirhahaha só hoje vi o comentário... pois é, pois é, pois é, nunca fui muito boa com malas mesmo.
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