Postado por: Mundo Raimundo segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ane Brasil escreve para a coluna Soy Contra!


“Mas nossos filhos serão mutantes Queria tudo como era antes O céu nunca mais vai brilhar Aqui dentro do abrigo nuclear” - Replicantes

Então é isso , os homens vão se despedindo lentamente da mãe terra e cedendo o domínio às baratas. Foi assim que aconteceu. Por ironia do destino ou justiça poética os primeiros a serem expulsos foram os filhos da grande águia da América do Norte. Foi divertido ver pela TV a grande maçã ser comida pelas baratas... las cucarachas... (maçã, baratas, entenderam a brincadeira? Não? É, eu sei que não teve graça. Mas como diz o ditado, pimenta no c... alheio é refresco). Como eu dia dizendo, ‘tava divertido. Ver pela TV os gringos apavorados, correndo feito baratas tontas pelas ruas (baratas tontas... sacaram? É não teve graça de novo, sorry) e as imagens do metrô? Lembram das imagens do metrô? Quem poderia esquecer aquela mulher obesa sapateando sobre milhares de baratas pra defender sua coca-cola?! Bem, eu nunca pensei que a coisa fosse adiante, mas foi. Quando apareceram as imagens de Paris invadida pelas baratas eu chorei. Tá, sentimentalismo idiota, pode ser. Mas pus Edit Piaf na vitrola e chorei. Igualité, Fraternité, Egalité, et baraté. Merdé. Quando chegaram as primeiras imagens do Louvre coberto de baratas... tive pena do cinegrafista que, desesperado ia gritando a cada obra coberta pelas baratas. Aquelas filhas da puta, foram direto até a Vitória de Samotrácia... Tomei os últimos 4 diazepans da caixa e continuei olhando, hipnotizada, desesperada... depois foi a Monalisa. Quando as baratas cobriram a Monalisa eu entendi tudo. Acabou. O último bastião do Ocidente, a obra prima de Da Vinci – o cabra que inaugura a modernidade, que rende bolsa pra tanto mané defender tese na Zoropa...
Eu soube ali que não teríamos escapatória. Desliguei a TV e fui pra rua. De coturnos, que eu não sou trouxa, né? Aí o bicho pegou. Todo mundo fugindo pra beira da praia, acreditavam que no mar elas não sobreviveriam.... O que ninguém avisou pro povo é que no esgoto que é o litoral do Rio Grande do Sul só barata mesmo pra sobreviver e se sentir bem. Elas tomaram conta de Imbé, Atlântida, Torres, Tramandaí,... soube mais tarde que foi muito engraçado, as madames de Atlântida se bronzeando entre as baratas, houve algumas que morreram ali mesmo, síncope nervosa, chilique, piripaque. Ataque de pelanca! E eu? Bom, nessa altura do campeonato o caos já tinha se instalado... entrei num supermercado, de coturno, camuflagem e iniciei um saque. Sim, fui eu que comecei o grande saque. Se me orgulho disso? Não sei ao certo, mas eu sabia de uma coisa: Se eu vou morrer que seja esperneando. Entrei no supermercado, baixei toda a prateleira de inseticidas mais comidas enlatadas e bebidas destiladas.... SIM, EU TINHA UM PLANO! Saí dali e fui até um depósito de gás, deixando atrás de mim uma nuvem de donas de casa insandecidas, brigando por toalhas de banho e sacos de arroz dentro do supermercado. Esvaziei 2 garrafas de uísque... (hum, nada com um 12 anos... e cawboy, que uísque com gelo pra mim é xixi) Enchi de gasolina ah, há quanto tempo eu não fazia um coquetel molotov... saudades dos loucos anos 80... entretanto, agora não se tratava de piquete, era sobrevivência mesmo. Com ou sem pregos? Hum, uns preguinhos não fazem mal dentro de um coquetel molotov... sempre cai bem, um preguinho tá pro molotv como a cereja tá pro Martini... Hehehe. Catei mais garrafas e em menos de 1 hora tinha 20 coquetéis molotvs... Fui obrigada a esvaziar mais uma garrafa – desta vez de vodca – pra ter mais coquetel... E aí o resto vocês viram pela TV... a sucessão de postos Esso que foram pelos ares... gente, era coisa muito linda de se ver! Cablum. Ao todo foram 15... aí me pegaram... deviam me agradecer, me condecorar, me oferecer dinheiro e mancebos bronzeados em prova de gratidão...  o fogo purifica, se algum daqueles idiotas se desse ao trabalho de verificar veriam que no perímetro das explosões não havia nenhuma puta barata. Nenhuma barata puta. Não, os imbecis de farda não se deram ao trabalho de verificar, me algemaram e me jogaram num camburão... putz e eles me tiraram os isqueiros e os fósforos, me deixaram sem fogo. Filhos da puta. Aí veio toda aquela palhaçada... jornalistas, psiquiatra, sociólogo, âncora de telejornal... cada um falando uma besteira maior que a outra. Todos cobertos de baratas. Vocês não viram?

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